Cícero Augusto Ribeiro Sandroni nasceu na cidade de
São Paulo, a 26 de fevereiro de 1935, filho de Ranieri Sandroni e
Alzira Ribeiro Sandroni (ambos nascidos em Guaxupé, Minas
Gerais).
Fez os estudos primários e parte do ginasial na
capital paulista. Com a transferência de sua família para o Rio de
Janeiro, em 1946, aqui concluiu os estudos secundários. Cursou a
faculdade de Jornalismo (hoje de Comunicação) da Pontifícia
Universidade Católica e a EBAP - Escola Brasileira de Administração
Pública, da Fundação Getúlio Vargas, onde foi
bolsista.
Em 1954 fez os primeiros estágios em redações de
jornais, inicialmente na Tribuna da Imprensa, de Carlos Lacerda e em
seguida no Correio da Manhã, sob a direção de Antônio Callado e Luiz
Alberto Bahia, onde chegou a chefe da reportagem. Convidado por
Odylo Costa, filho, ingressou na redação do Jornal do Brasil, na
época da reforma editorial do diário, e ao mesmo tempo atuou na
Rádio Jornal do Brasil.
Em julho de 1958 transferiu-se para O Globo onde,
destacado para a cobertura da área da política exterior, fez várias
viagens internacionais entre as quais ao Chile para a cobertura da V
Conferência Extraordinária dos Chanceleres Americanos, e aos Estados
Unidos, convidado pelo Departamento de Estado americano e enviado
por O Globo para escrever sobre a primeira visita de Nikita Kruschev
à ONU. Na mesma ocasião entrevistou Alexander Kerensky, então
diretor da Torre Herbert
Hoover, na Universidade de Stanford, na Califórnia e
participou de uma semana de estudos brasileiros, naquela
universidade, em que a homenageada foi a poetisa Cecília Meireles.
Em abril de 1960 integrou a equipe de O Globo que, chefiada por
Mauro Salles, fez a cobertura da inauguração de Brasília. Naquele
mesmo ano assumiu a chefia da reportagem política do Diário de
Notícias, então sob a direção de Prudente de Morais, neto, onde
escreveu a coluna “Notas Políticas”, em substituição de Heráclio
Salles.
Convidado por José Aparecido de Oliveira e pelo
prefeito de Brasília, Paulo de Tarso Santos, em 1961 transferiu-se
para a nova capital, onde foi Secretário de Imprensa da Prefeitura
do Distrito Federal, diretor de Relações Públicas da Novacap e ao
mesmo tempo atuou, ao lado de José Aparecido, na coordenação da
equipe, chefiada por Candido Mendes de Almeida, que preparou a
primeira (e única) mensagem do Presidente Jânio Quadros ao Congresso
Nacional. Integrou o Conselho Fiscal da Fundação Cultural de
Brasília, presidida por Ferreira Gullar, ao lado do então deputado
José Sarney.
No governo parlamentarista de João Goulart/Tancredo
Neves, foi subchefe do gabinete do Ministro Franco Montoro, na pasta
do Trabalho e Previdência Social e em 1962 foi nomeado representante
do governo no Conselho Fiscal do Instituto de Aposentadoria e
Pensões dos Marítimos (IAPM), sendo naquele mesmo ano eleito
presidente do órgão, do qual foi demitido em abril de
1964.
Com a instalação do regime militar, voltou a trabalhar
na Tribuna da Imprensa de Hélio Fernandes, e em O Cruzeiro, sob a
direção de Odylo Costa, filho. Com Odylo, Álvaro Pacheco e o
diplomata Pedro Penner da Cunha adquiriu uma empresa gráfica, de
cujas máquinas saíram as duas primeiras edições da revista de contos
Ficção, editada com a colaboração de Antônio Olinto e Roberto Seljan
Braga. Em seguida, com Pedro Penner da Cunha, fundou a Edinova,
editora pioneira no Brasil no lançamento de literatura
latino-americana e do nouveau roman
francês.
Em 1965 participou de conferência de jornalistas em
Bonn, na Alemanha, que resultou na criação da agência internacional
de notícias Interpress Service, da qual foi diretor no Brasil.
Naquele mesmo ano retornou ao Correio da Manhã, onde escreveu a
coluna diária “Quatro Cantos!, de oposição ao governo militar, e
conviveu com Otto Maria Carpeaux, Franklin de Oliveira, Paulo
Francis, José Lino Grünewald, Osvaldo Peralva e Newton Rodrigues.
Sobre esta fase do seu trabalho, Alceu Amoroso Lima escreveu, em
artigo publicado no Jornal do Brasil, “Cícero Sandroni renovou o
colunismo, na imprensa do Rio de
Janeiro”.
Com a censura imposta à imprensa após o Ato
Institucional nº 5 e o arrendamento do jornal, deixou o jornalismo
diário e ingressou em Bloch Editores, onde foi redator-chefe das
revistas Fatos e Fotos, Manchete e Tendência. Sob sua direção esta
última recebeu, em 1974, o Prêmio Esso de Jornalismo, na categoria
de Melhor Contribuição à Imprensa. Em 1976 dirigiu, para Fernando
Gasparian, a última fase do Jornal de Debates, semanário de política
e economia fundado por Mattos Pimenta, que se notabilizara, na
década de 50, na luta pela criação da
Petrobras.
Ainda em 1976 lançou novamente a revista Ficção, com
Fausto Cunha, Salim Miguel, Eglê Malheiros e Laura Sandroni. Na
segunda fase, em 44 edições, Ficção publicou mais de quinhentos
autores brasileiros. Naquele mesmo ano coordenou, com os escritores
Rubem Fonseca, Lygia Fagundes Telles, Nélida Piñon, Hélio Silva,
José Louzeiro, Ary Quintella e Jefferson Ribeiro de Andrade um
manifesto contra a censura aos livros, assinado por mais de mil
intelectuais brasileiros, conhecido como o Manifesto dos Mil.
Publicado na imprensa, o documento impediu a continuação da censura
aos livros, que proibira a circulação de mais de quatrocentos
títulos de autores brasileiros e estrangeiros. O mesmo grupo renovou
o Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro e levou à sua
presidência o Acadêmico Antonio
Houaiss.
Em 1977, a convite de Walter Fontoura, retornou ao
Jornal do Brasil inicialmente como redator do Caderno B, onde
escreveu sobre arte e cultura e foi crítico de cinema. Em seguida
editou o suplemento literário “Livro” e de 1979 a 1983 escreveu a
coluna “Informe JB”. Em 1984 assinou a coluna “Ponto de Vista”, no
jornal Última Hora, com a colaboração do poeta José Lino Grünewald.
Nesse tempo, foi um dos primeiros jornalistas a defender a
realização de eleições diretas para a presidência da
República.
Em 1984 editou o Jornal do País, semanário de Neiva
Moreira e, em 1985, escreveu artigos sobre política para a Tribuna
da Imprensa. Colaborou com a revista Elle, onde publicou perfis de
artistas e escritores e colaborou com resenhas de livros para a
página literária de O Globo. Naquele mesmo ano passou a colaborar
com a Companhia Vale do Rio Doce na área de assuntos culturais. Foi
editor do “house-organ” Jornal da Vale e coordenou duas edições do
Prêmio Nacional de Ecologia, instituído pela CVRD e apoiado pelo
CNPq., Petrobras e a SEMA. Em 1990 foi editor-geral da Tribuna da
Imprensa e a seguir passou a escrever uma página semanal sobre
cultura e política.
Em 1991 fundou, para a prefeitura do Rio de Janeiro, o
mensário literário RioArtes, o qual dirigiu até ser convidado, em
fins de 1992, pelo então ministro da Cultura, Antonio Houaiss, e o
presidente da Funarte, Ferreira Gullar, para dirigir o Departamento
de Ação Cultural da entidade. No DAC, entre outras atividades na
área das artes plásticas e da música, organizou o Salão Nacional de
Artes Plásticas de 1993 e 1994 e a Bienal de Música de 1994. Na
mesma ocasião dirigiu, com Ferreira Gullar e Ivan Junqueira, a
revista Piracema.
Editor de Cultura e Opinião do Jornal do Commercio em
1995, afastou-se no ano seguinte para escrever, com Laura Sandroni,
a biografia de Austregésilo de Athayde. Voltou ao Jornal do
Commercio em 2000, como diretor-adjunto da Redação e participou, com
Antônio Calegari, da reforma gráfica que modernizou o Jornal. Criou
o suplemento cultural Artes e Espetáculos e deixou a redação em
agosto de 2003 para escrever a história do Jornal do
Commercio.
Cícero Sandroni tem participado de vários júris de
prêmios jornalísticos notadamente o Esso de Jornalismo, o Prêmio
Embratel de Jornalismo e o Prêmio de Jornalismo Científico do CNPq.
Na área de literatura integrou o júri do concurso de contos da
revista Ficção, e do Prêmio Goethe de literatura do ICBA.
Colaborador de jornais e revistas, tem participado de seminários de
jornalismo e literatura e pronunciado palestras sobre aqueles temas
em centros universitários. Escreveu prefácios para vários livros,
entre os quais Memórias Improvisadas de Alceu Amoroso Lima e
Medeiros Lima, segunda edição.
Foi presidente da Academia Brasileira de Letras em
2008 e 2009.
Casado desde janeiro de 1958 com a escritora Laura Constância
Austregésilo de Athayde Sandroni, tem cinco filhos, Carlos (1958)
sociólogo e Doutor em Etnomusicologia pela Universidade de Tours,
França; Clara (1960), cantora e bacharel em música pela UniRio;
Eduardo (1961), ator e diretor de teatro formado pela CAL; Luciana
(1962) autora de literatura infantil e mestre em literatura pela PUC
de SP e Paula (1970), atriz, diretora de teatro e pós-graduada em
teatro pela UniRio. O casal tem um neto, Pedro, nascido em agosto de
2003
Livros
publicados
O Diabo só chega ao
meio-dia, contos, Nova Fronteira, 1985.
O vidro no Brasil, ensaio
histórico, Objetiva, 1989.
Austregésilo de Athayde, o
século de um liberal, Agir, 1998.
(Prêmio José Ermínio de Moraes de 1999
da ABL)
Cosme Velho, passeio
literário pelo bairro, Relume Dumará, 1999.
50 anos de O Dia, história
do jornal, 2002
O peixe de Amarna,
romance, Record, 2003.
Carlos Heitor Cony, da
coleção Perfis do Rio, Relume Dumará, 2003.
De Pedro I a Lula - História
do Jornal do Commercio, Quorum, 2007.
Traduções para o
português
Introdução ao
Jornalismo/Introduction to Journalism, de Fraser Bond, 1ª ed.
1959, 2ª ed. 1962. Editora Agir, RJ.
O jardim da meia-noite/Tom’s
Midnight Garden, de Philippa Pearce, 1998, prêmio o Melhor para
a Criança, da FNLIJ. Editora Moderna SP.
A maçã de Eva / monólogo de
Dario Fó e Franca Rame, montada por Clarisse Abujamra em várias
capitais do País.
Colaborador em
obras coletivas
Dicionário Histórico
Biográfico Brasileiro, edição do CPDOC, da Fundação
Getúlio
Vargas, coordenação de
Alzira Abreu, RJ.
Novo Dicionário de
Economia, de Paulo Sandroni, editora Best Seller,
SP.
Verbetes sobre
Cícero Sandroni
Enciclopédia Delta
Larousse, 1970, Antonio Houaiss, página 6077, vol,
13.
Enciclopédia da Literatura
Brasileira, 2ª ed., Afrânio Coutinho e J. Galante de Souza,
página 1437, volume 2. E. Global,
SP.